Anéye ra Burkinid, minka Yoko balu Wala, aínovo po’i kó’iyeovoku emo’úti
Énomone íhaxea inuxínoti COP30, itaéhikoti heú koeti kúveu mêum okópea ra kixóvokune ípokeovo ra kilímana ûti, aínovo emo’úti ukeâti ya áfrica Yoko kopénotihiko | O mesmo termo escolhido pela presidência da Conferência para chamar a comunidade internacional para ações contra a mudança do clima se traduz em linguagens indígenas e africanas
05/09/2025
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15:50
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Mayara Souto itukôa ra eyekoûti 
Salim Sebastião itukôa emó’u

Eyékoxoti râ’a: ukeâti ya tupi-guarani, anéye ra emo’úti “Ho’uxínovati”, énomone íhaxea inuxínoti COP30, motovâti ítaekea herumó koeti mêum okópea ra otúkone kúveo mêum. Koeku ápeyea itukéti kóyuhoti kilíma ya pitívokona Panamá, énome koyuhókono xapákuke viyéno íhae áfrika koáne xapa viyéno kopénotihiko.

Anéye ra viyéno Terena koéhati Eric terena, íhae yaye mato Grosso do Sul, énomone itukoa emó’u râ’a koeku ápeyea Fórum Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, koyuhoâti poe’á kó’iyea kíxeokono ko’ítukeyeokono ra ho’unévoti ya xapa mêum.

Emo’u Eric Terena râ’a: koyúhoati itúkeovo yuho kopénotihiko ra koéhati “mutirão”, aínovone víhikaukono inâ vitukóvo kalivôno koeti, ya aldeia ke ou po’íke vóvoheixoku, enepora emo’úti vitúkovone enepo ho’uxínovo educação, saúde Yoko poké’exa ûti.

Eyékoxoti: muhíkova yaye Mbarâsiuke ou koekuti vóvoheixoku énome kóye vemó’u koeti ra Hannah Balieiro, diretora executiva do Instituto Mapinguari.

Yûho ra Hannah Balieiro: koyuhoâti kutí’iyeanemaka yûhohiko yaye amâzoniake, ápeyeamaka emó’uhiko kutipasí koati, hara íhaxeahiko “puxirum”, mahi kixo’êkoti ho’uxó kó’inoahikomaka koekuti itúkovo yara poké’exake kuteâti itíkoti kavâne Yoko itúkoti ovokúti kôe.

Eyékoxoti: enepora emo’úti aínovone xapa po’i poké’e kuteâti yaye latino-americanos, mahi kúteanemaka kíxoakuhiko koyúhoyea koe ra Andrés Mogro, gerente de Programa do Clima da Fundação Avina do Equador.

Yûho Andrés Mogro: Enepora emo’úti mutirão herú kóyemaka emo’u espanhol “minga” íhaxea ukeati ya regiãona andina, mahi emo’úke quéchua ítuke etnia indígena andina, ‘minka’ kixo’êkoti ho’uxóvoti itukéti. Énomone koyúhohiko enepo ape ko’ítuketi ho’uxóvoti.

Eyékoxoti: Anéye ra kopénoti íhae Panamá koéhati Jacobed Solano, koyuhoâti unáko ra emo’uti mutirão itúkeovo ixomo ikoétukexokono yara COP, xanéhiko ho’uxínovoti kóyeku poké’exa ûti.

Yûho ra Jacobed solano: koyuhoâti éxetina xanéhiko gunadule ápeyea emo’úti “balu wala”, kixo’êkoti “tikótina yúki”, mahi kixo’êkoti kónokea yuíxeova ûti ra kilíma. Haina póhutine kóhiyanayea uti xâne itea kúteamaka ra poké’exa ûti.

Eyékoxoti: Ya xapáku viyéno africana énomonemaka kíxoa komómea, koyúhoti ho’uxóvoti ko’ítukeyea kôe yûho ra princesa Abze Djigma, líder tradicional de Burkina Faso, na África Ocidental.

Yuho Abze Djigma: koyuhoâti kixó’ekone emo’úti “burkinidi”, mahi kixo’êkotimaka itukéti únati, ákoti pahúkovoku, koêkuti vóvoku ko’ítukeyea ûti yoko xapa yukáke ûti konókoti unátiyea kixóvoku ûti, énomone koénamakaye ra ihónoti yara kúveu poké’e.

Eyékoxoti: Anéye yûho ra Diosmar Filho, doutor em geografia e pesquisador sênior da Associação de Pesquisa Iyaleta, sobre a cultura da África Central, koyuhoâti itúkeovomaka kixo’êkoti yuíxeovo ovokútihiko ítuke xanéhiko, énomonemaka koeti ra kohiyánati poké’exa.

Ápe yûho ra Diosmar filho, koeti  eneponi vitaéka póhuti africano manihi kuti koeti vihakoâti, itea ra emo’úti bantu ya éxoneke viyénoxapa africano kixo’êkoti óvoku xanéhiko. Yane, enepora emo’uti casa publica, éxeakehiko kixo’êkoti yuixóvoti poké’exa, kutí kixoati uti vóvoku.

Eyékoxoti: Anéye ra emo’úti “mutirão global”, ínixoa inuxúnoti COP30, André Corrêa do Lago, kóxunakea ra emo’úti, vo’ókuke kónokea ápeyea vêho xokóyo ra kóyeku kilímana ûti, mará’inamo yupíhapu koêku ra tumune ûti.

Burkinidi, minka e balu wala: conheça variações do ‘mutirão’ chamado pela COP30

O mesmo termo escolhido pela presidência da Conferência para chamar a comunidade internacional para ações contra a mudança do clima se traduz em linguagens indígenas e africanas. Ouça a reportagem e saiba mais.

Reportagem: Mayara Souto/COP30
Locução: Salim Sebastião

Repórter: De origem tupi-guarani, o termo “mutirão” foi adotado pela presidência da COP30 como lema  para chamar a comunidade internacional à ação climática. Durante a Semana do Clima do Panamá foi possível ouvir a  palavra em  diversos sotaques e identificá-la em outras culturas – principalmente, nas indígenas e nas africanas.

Eric Terena, ativista indígena do Mato Grosso do Sul, responsável por apresentar o termo durante o Fórum de Implementação, no evento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, diz que o mutirão é realizado de maneiras diferentes em diversas partes do mundo.

Eric Terena:  Ele diz o povo indígena considera a palavra mutirão como essa mobilização local, comunitária, que se realiza desde quando a gente é criança, seja dentro da comunidade, seja fora, pelo direito indígena, em prol do direito comunitário. O mutirão é feito, em diversas partes do mundo, de maneiras diferentes – seja pela educação, saúde, pelo  meio ambiente.

Repórter: Mesmo dentro do Brasil, o termo se apresenta em diferentes regionalismos, como destaca Hannah Balieiro, diretora executiva do Instituto Mapinguari.

Hannah Balieiro: Ela disse que, na  região amazônica, nós usamos uma palavra que tem uma ideia similar a da palavra  mutirão, que é o “puxirum”, que também traz essa ideia coletiva de trazer força para realizar uma atividade grandiosa que precise de muitas mãos para ser construída, assim  como   subir uma laje, plantar uma roça, construir uma casa de alguém.

Repórter: No encontro com outros países latino-americanos, o reconhecimento também é visível, como aponta Andrés Mogro, gerente de Programa do Clima da Fundação Avina do Equador.

Andrés Mogro: Ele explica que o termo  mutirão  se parece com a palavra  espanhola ‘minga’, falada  na região andina, e que , por sua vez, vem da palavra quéchua (etnia indígena andina) ‘minka’, que significa trabalho coletivo. Normalmente, se utiliza na área  rural, onde várias pessoas se unem em um trabalho voluntário, pelo bem da comunidade.

Repórter: A ativista indígena do Panamá, Jacobed Solano, diz que no seu idioma mutirão pode significar, no contexto da COP,  união entre pessoas e  a terra.

Jacobed Solano: Ela conta que o povo gunadule adota a palavra ‘balu wala’ que significa ‘árvore de sal’, e que pode ser traduzida para a ideia de que  podemos colaborar juntos para fazer justiça climática, onde todos estão incluídos. Não somente as pessoas, mas também a terra. 

Repórter: As culturas africanas também encontram significado na ideia de cooperação por um bem comum, como ressalta a princesa Abze Djigma, líder tradicional de Burkina Faso, na África Ocidental.

Abze Djigma: Ela disse que é possível fazer um paralelo entre a palavra mutirão e “burkinidi”, que significa que você precisa colocar integridade, humanismo, humildade e altruísmo no seu comportamento, seja no trabalho ou na sua vida pessoal. Isso quer dizer que somos todos um ecossistema, estamos interconectados e somos interdependentes.

Repórter: Diosmar Filho, doutor em geografia e pesquisador sênior da Associação de Pesquisa Iyaleta, sobre a cultura da África Central, diz que mutirão representa cuidar da terra como casa pública.

Diosmar Filho: A gente poderia convidar para um pensamento diaspórico africano e chamar de boko, na cosmovisão bantu, que significa uma casa pública. Então podemos chamar o mutirão de uma casa pública porque nós precisamos cuidar da terra como nossa casa pública.

Repórter: A expressão "mutirão global" foi adotada nas cartas da  presidência brasileira da COP30. Nos documentos, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destaca a necessidade de uma resposta urgente e coordenada de todos os países para evitar um colapso ambiental e social.   

Boletins na língua indígena Terena são traduzidos e gravados em parceria com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), do estado do Mato Grosso do Sul.